Informações do Ministério Público da Bahia (MP-BA) revelaram que 42 policiais foram detidos no estado durante os anos de 2023 e 2024, respectivamente. De acordo com o órgão, dos detidos, 37 eram militares da polícia, quatro eram detentos e um era policial civil. No total, 18 operações foram conduzidas durante o período para executar mandados de prisão contra esses funcionários de segurança pública.
Ao analisar os dados por ano, 16 policiais foram detidos em 2017, sendo 12 da Polícia Militar e quatro da Polícia Penal. No ano passado, foram presos 26 agentes, sendo 25 militares da Polícia Militar e um membro da Polícia Civil. O Ministério Público não forneceu informações pormenorizadas sobre as ações que culminaram nas detenções dos agentes, as acusações que enfrentam, nem os nomes dos indivíduos detidos.
Segundo o coronel aposentado e especialista em segurança pública, Antônio Jorge Melo, existem duas categorias de policiais envolvidos em atividades ilícitas: um que se deixa cooptar por organizações criminosas, e outro que vai além dos limites legais nas suas ações contra o crime organizado.
"Temos notado um aumento nas conexões dos agentes com grupos criminosos, bem como um fenômeno em que indivíduos já ingressam nas empresas integrando esses grupos. Isso não é uma característica exclusiva da polícia, mas representa um grande perigo. Tanto que as instituições estão aperfeiçoando seus sistemas de correção e suas sindicâncias sociais para identificar previamente esse tipo de envolvimento", destacou.
Antônio Jorge também esclarece que, por fazerem parte das forças de segurança, os policiais são os principais alvos dos processos de cooptação por parte das organizações criminosas. "As razões são variadas, podem ser por segurança ou para obter informações confidenciais." "Esses grupos procuram os agentes com a finalidade de conquistar benefícios", acrescentou.
Horácio Nelson Hastenreiter, docente da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e especialista em segurança pública, acredita que a quantidade de policiais detidos pode ser atribuída a três elementos distintos: "um crescimento na participação de policiais em atividades ilícitas, aprimoramento do processo de punição com a atuação de órgãos mais competentes e a facilidade de identificação de delitos".
A equipe de reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Secretaria de Administração Penal (Seap), a Polícia Militar e a Polícia Civil para obter mais detalhes sobre as detenções de policiais ocorridas em 2023 e 2024. No entanto, até a conclusão desta matéria, as entidades não se manifestaram.
Fonte: Correio da Bahia (Gilberto Barbosa)
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